terça-feira, 16 de novembro de 2010

O debate da vergonha

Confesso que não tinha intenção de escrever sobre o espectáculo deprimente a que assisti, ontem, durante cinco minutos, na RTP, sobre uma coisa que se chamou debate entre os candidatos a Bastonário da Ordem dos Advogados.
Mas a Niza Ribeiro publicou um artigo que não me deixou indiferente e que me motivou a entrar no tema, apesar de não ter conseguido assistir a mais de cinco minutos daquilo.
Organizei, enquanto coordenador de uma revista jurídica, dois debates entre Laureano Santos, Carlos Candal e José Miguel Júdice ( um no Porto e outro em Lisboa), que tiveram dignidade e um elevado tom.
Nas eleições seguintes, em que concorreram João Correia, Marinho Pinto e Rogério Alves, voltei a organizar um debate, no Porto, o qual, apesar de "duro", não deixou de ter dignidade.
Ontem, pelo que vi e pelo que li, o debate desceu ao grau zero da dignidade e os advogados ficaram a perder.
O mais grave é que, num tempo conturbado como o que vivemos, com a sociedade numa profunda crise económica e social e em que os valores já partiram para longes terras, a Ordem dos Advogados, a Magistratura Judicial e o Ministério Público deveriam ser referências para que não se afunde tudo.
Infelizmente, a ânsia e a ganância do negócio, levaram o debate para uma luta fratricida, sem princípios e com um fim anunciado: o da degradação da imagem dos advogados.
Apesar de o voto ser obrigatório, os advogados, que têm o poder de escolher o Bastonário, devem reflectir sobre o que se passou e retirar as devidas consequências.

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